We are Carnaval? We are folia? 
     Bom, acho que este ano não foi bem assim! A única vantagem foi o feriado em si, que Graças a Deus eu consegui colocar mais uma leitura em dia. Comecei a ler ‘As Luzes de Setembro’ por volta do dia 18 de janeiro, logo antes de voltar a trabalhar e enfrentar toda aquela loucura do dia a dia... e só consegui finalizá-lo hoje, há poucos minutos atrás, portanto agora eu vou contar um pouquinho desse mistério de sombra e luz pra vocês...


“Num mundo de luz e sombras, todos nós, cada um de nós precisa encontrar seu próprio caminho.”

     O inverno de 1936 chegou levando toda a boa esperança de vida dos Sauvelle, e junto com ela, a alma de um grande pai de família. Irene e Dorian, juntamente com sua mãe, Simone, têm que enfrentar a miséria e todas as suas consequentes dificuldades de se tornarem órfãos para permanecerem vivos em uma cidade que só fazia enaltecer a pobreza dos mais necessitados. Paris já não podia ser chamado de lar por esta família. Então, em certa manhã, Simone recebe uma proposta de emprego em uma cidadezinha no litoral da Normândia e, na expectativa de abandonar um passado e uma vida de sofrimento, muda com seus filhos em busca de uma nova chance.


“Colocou nas minhas mãos um futuro que eu não me atrevia nem a sonhar. Um futuro. Até então, nem sabia o que era isso. E ele me deu um futuro de presente. E só pediu uma coisa em troca.”

     O trabalho oferecido a Simone era de governanta na mansão de Cravenmoore, e seus serviços eram destinados ao grande engenheiro e dono da fábrica de brinquedos Lazarus Jann e sua esposa que há muito tempo vivia na cama, vítima de uma doença degenerativa. Enquanto Simone se familiarizava com o trabalho e se acostumava com todos os bonecos autômatos projetados por Lazarus, Irene tentava fazer amigos que pudessem lhe proporcionar alguns momentos de felicidade. Hannah, sua primeira amiga, era uma menina de coração enorme, mas sua amabilidade e animação tinham a mesma proporção e intensidade de seu talento em fofocar e atualizar a todos, e agora também Irene, sobre os mais recentes acontecimentos da cidade. Em meio a tantas informações, Hannah apresenta à nova amiga seu primo Ismael, um garoto não muito mais velho que ela, mas com feições destacadas pelo desgaste do sol e do mar, que podemos chamar de traços adquiridos da paixão e dedicação ao seu barco à vela e sua profissão de pescador. Irene se encanta com o barco e toda a adrenalina do vento batendo em seu rosto, mas os mistérios que Ismael promete lhe contar despertam na garota uma felicidade e um sorriso bobo que há tempos sua mãe não via. Juntos, Irene e Ismael percorreram o litoral e começaram a nutrir uma paixão que ia além dos mistérios que a região guardava.



“Espero que antes de me julgar e condenar, possa realmente escutar a minha história. Serei breve. As boas histórias precisam de poucas palavras...”

     Os dias se passaram e cada vez mais os Sauvelle se sentiam em casa. Finalmente encontraram um lugar que pudessem chamar de lar. E então, do dia para a noite, todos os momentos felizes, de tranquilidade e amor, foram substituídos por um sentimento apavorante e fantasmagórico vindo de crime que ocorreu no meio de uma noite de tempestade. Algo estranho rondava o bosque de Cravenmoore e Ismael não descansaria até descobrir o que e quem assombrava a vida dos moradores da vila. E é claro que Irene não deixaria seu novo amor enfrentar esta fúria de sombras sozinho.

     Como sempre os livros do Zafón me impressionam. É aquele tipo de leitura impossível de prever os fatos. Em um romance, por exemplo, podemos pensar, na maioria das vezes, que “não importa quantas vezes os personagens se separam, eles ficarão juntos no final”. E isso não acontece nos livros do Zafón. Não dá para imaginar o que vai acontecer e muito menos o que um fato narrado tem a ver com o outro. E é isso, juntamente com sua riqueza de detalhes e adjetivos vibrantes que me encantam em sua escrita.

     A história de Ismael e Irene me trouxe lembranças de Marina, um outro livro incrível, também escrito por Zafón. A lembrança foi principalmente pela presença dos autômatos medonhos, que também estão presentes na série ‘As Peças Infernais’ da autora Cassandra Clare, que tem meu amor incondicional desde janeiro do ano passado. Algumas outras passagens me fizeram recordar Peter Pan e Alice no País das Maravilhas, e isso me deixou muito nostálgica e maravilhada.


"Assim que ultrapassaram a soleira da porta, os três se viram mergulhados num mundo fantástico que ia muito além do que três imaginações juntas conseguiriam conceber"

     A construção dos personagens foi milimetricamente bem executada, principalmente de Lazarus. Sua história de vida, banhada em sofrimento e magia alimentaram sua sombra de trevas, e estas se destacavam de maneira totalmente oposta a sua verdadeira personalidade, que era repleta de amor e vontade de viver. Irene, mesmo sendo uma garota de quase 15 anos, se tornava uma forte mulher a cada dia, e o relato deste amadurecimento foi refletido em algumas atitudes e pensamentos de Dorian, seu irmão mais novo, que também amadurecia e sentia a responsabilidade em ser o novo homem da casa. Estas foram as características que mais me chamaram a atenção.


    Fazia uns dois anos que eu não lia nada deste autor, e um dos motivos foi que este era o último livro que eu tinha para ler dele. Estava com medo da despedida. Não queria que acabasse. Claro que tenho a intenção de reler todos eles em algum momento da vida, mas aquele frio na barriga provocado pelo “elemento surpresa” do texto acaba perdendo a força... porém, a forma de escrever com frases curtas e o emprego de palavras que são consideradas a assinatura do autor no texto, como ‘fantasmagórico’ e ‘penumbra’, sempre me farão voltar...

     Espero que tenham gostado da resenha!! Sei que não é muito comum eu me arriscar com mistérios, mas pelo Zafón vale a pena. Quem nunca leu nada do autor, eu recomendo a trilogia A Sombra do Vento... e já confesso que foi um dos melhores livros que já li (e reli) na vida...

... beijos e até a próxima!



As Luzes de Setembro (Las Luces de Septiembre)
Carlos Ruiz Zafón
Editora Objetiva – Suma de Letras
232 páginas
ISBN: 978-85-8105-192-5
Por: Izabela Elias


2 Comentários

  1. Sobre ter amado a resenha... Já anotei na minha lista de desejados... Tive a oportunidade de conhecer Zafon através de vc lembra hahha Marina é incrível e não vejo a hora de ler esse.... Amei as fotos 😍 Parabéns pela resenha ta linda....

    Um super abraço nerd
    Lucas R.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sobre ter te obrigado a conhecer Zafon... ❤ hahaha... eu disse que vale a pena!! É perfeito... Você tem que ler esse... anota ai na lista pra 2016 ainda!!!

      Excluir