Boa tarde pessoal! Como vocês estão? Creio que em perfeito estado, devido aos dias de descanso que temos essa semana. Hoje eu vim contar para vocês que ontem eu aproveitei a oportunidade e tirei alguns minutos da minha noite para matar uma curiosidade que há tempos vinha me atormentando. Eu estou falando do filme "Orgulho e Preconceito e Zumbis"...
Para quem não sabe - mesmo achando bem difícil alguém não saber isso sobre mim - eu sou perdidamente apaixonada por Jane Austen, sua história e suas obras. A primeira novela que eu li foi Orgulho e Preconceito eu estava no primeiro ano de faculdade, isso foi em 2009, e é claro que a paixão me dominou sem pedir licença. Depois disso eu fui lendo e relendo algumas obras, até que uma das primeiras vezes que eu pisei dentro da Fnac no Shopping em Ribeirão Preto, eu me deparei com esta paródia de Orgulho e Preconceito. Meu primeiro impulso foi xingar muito o desiluminado que teve a audácia de fazer uma coisa dessas, mas acabei deixando pra lá aquela sensação ruim alegando que aquilo nunca faria parte da minha vida e, portanto, eu não deveria me preocupar, certo? Errado...
O problema foi que em 2015 eu levei um tapa da realidade quando li a matéria sobre a produção do filme. Foi um ano tenso e desacreditado, prometendo - e mentindo - para mim mesma que passaria longe dos cinemas e seria grossa com quem me convidasse para assistir. Resultado: ontem, dia 24 de março de 2016, por livre e espontânea vontade venci a curiosidade, bem como meu próprio orgulho e resolvi assistir ao filme.
Para quem não sabe, as páginas originais deste romance contam a história de uma família campestre que vive no interior da Inglaterra no final do século XVIII. Mãe de cinco filhas já crescidas e vendo a idade de seu marido chegar a galope, a Senhora Bennet passa os dias enlouquecida a procura de um bom partido para cada uma de suas filhas pois, se seu marido viesse a falecer, elas teriam o conforto de um lar para viver e tomar conta. Certo dia um jovem rapaz da alta sociedade de Londres chega ao interior a fim de passar uma temporada. Sr. Bingley é um tanto quanto desajeitado mas possui um coração enorme pronto para ser reclamado por uma dama. Sua chegada a Netherfield veio acompanhada de sua irmã e seu amigo, Sr. Darcy, sendo este um homem sério e até mesmo carrancudo que aparentava insatisfação em todos os lugares. Sendo bem informada sobre a chegada dos novos cavalheiros à região, a Sra. Bennet deu início aos planos para que suas filhas fossem devidamente apresentadas. Jane, a filha mais velha e mais bonita era sempre a mais exaltada pela mãe e, durante o primeiro baile de boas vindas aos senhores à região, ela faria de tudo para que a filha não passasse desapercebida. Porém, sem muitos esforços, Sr. Bingley se encanta por Jane praticamente à primeira vista, enquanto Sr. Darcy permanecia insatisfeito e inapto a dançar, mesmo que sua atenção tenha sido insistentemente tomada pela segunda filha da Sra. Bennet. Elizabeth, ou Lizzy, é o oposto da jovem estereotipada da época, dona de uma índole forte e uma inteligência sem igual, pode ser considerada uma heroína já que, depois de ser submetida às situações mais constrangedoras e impróprias para uma dama, conseguiu conquistar o coração duro de Fitzwilliam Darcy, mesmo sem apresentar um dote satisfatório ou classe social que chegasse aos pés de seu admirador. O ápice da história tem início com uma birra que Lizzy tem do Sr. Darcy e de suas atitudes, e tal sentimento cresce a cada página... e caberá a ele desfazer tal sentimento e vencer todo o preconceito imposto pela sociedade da época para tê-la ao seu lado...
As irmãs Bennet: Lydia, Jane, Elizabeth, Mary e Kitty
Agora, onde é que os zumbis se encaixam em uma história tão linda como essa, meu Deus? Pois vamos às explicações.
A época em que se passa o filme é póstuma à um período de guerra que liquidou grande parte da população, transformando-a em um exército de mortos vivos. Com intuito de salvar o restante dos ingleses, foi ordenada a construção de um muro que isolasse as principais cidades da Inglaterra dos povos que haviam sido tomados por seres altamente contaminados comedores de cérebros. Sr. Darcy é então um coronel especializado em detectar recém infectados pela peste e a família Bennet não é apenas uma família do campo. Sim, a Sra. Bennet ainda está enlouquecida na busca de homens honrados para entregar suas filhas, mas estas não foram preparadas uma vida toda apenas com dotes sensíveis e femininos como o bordado, a pintura e o piano. As cinco irmãs Bennet foram criadas para serem guerreiras, donas de suas próprias espadas e armas de fogo, capazes de se defenderem sozinhas de qualquer perigo.
O heroísmo de Lizzy Bennet é levado ao pé da letra e, ironicamente, a personagem principal de Orgulho e Preconceito acaba que realizando os sonhos de Catherine Morland, de "A Abadia de Northanger", visto que esta era uma garota sem grandes talentos, mas que sonhava em viver e ser uma heroína tal como as que viviam nas páginas dos livros que lera a vida toda. Foi impossível - e eu nem tentei - bloquear esses pensamentos, misturando as leituras de Jane como se fosse tudo muito simples e correto. E por que não?
As atitudes heroicas de Lizzy que conquistaram Sr. Darcy na história original - a inteligência, a petulância e o caráter firme e nada aparentemente sensível - foram substituídos pelas habilidades com espadas e golpes de lutas marciais neste enredo, o que inacreditavelmente eu gostei... e achei também que a atriz soube interpretar muito bem o papel, principalmente nas feições e nas atitudes determinadas e orgulhosas. Pontos para Lily James... lembram dela naquele vestido azul maravilhoso na pele de Cinderela?
No início do filme, Elizabeth diz que nunca abriria mão de sua espada por um anel de noivado, afinal o homem certo não exigiria isto dela. E como se completasse seus maiores anseios, Sr. Darcy se encanta justamente por seu talento e sua arte de guerrear e ser persistente. Mais uma coisa que eu gostei muito no filme.
O ator que interpreta o papel de Fitzwilliam Darcy não me agradou muito não. Nem tanto pela aparência, mas pela voz estridente e irritante. Esperava uma voz mais acolhedora e grave, que entrasse pelos meus ouvidos e fizesse meu coração dançar, a final ele é o Sr. Darcy! Mas não, a voz dele é insuportável e pela primeira vez eu desejei ter assistido dublado. Perdão, Sam Riley, mas acho que você deveria voltar para os filmes de ação...
Agora, um ator que merece aplausos em pé é Douglas Booth. Nem tanto pela atuação ao interpretar o personagem de Sr. Bingley, mas pela beleza. Neste filme achei que a Jane foi mais sortuda que Elizabeth... as fotos abaixo não me deixam mentir.
Os zumbis nós podemos muito bem pular, não é mesmo? Eu nunca gostei dessa espécie de bicho de ficção, e vou continuar odiando para todo sempre. Então vou colocar algumas imagens meramente ilustrativas mas dispenso comentários. Odeio. Odeio e... enfim, odeio.
Para finalizar eu gostaria de fazer uma comparação com a última adaptação cinematográfica de Orgulho e Preconceito, de 2006. O momento em que o Sr. Darcy pede a mão de Lizzy em casamento pela primeira vez não é fiel ao que está descrito no livro de Jane Austen. Toda aquela linda cena da chuva em que Darcy corre atrás de Lizzy e faz nossos corações surtarem é na realidade uma adaptação da história original, enquanto que, neste filme novo repleto de zumbis, o roteiro seguiu quase que perfeitamente o momento e o local da declaração de amor mais ardentemente romântica da literatura clássica, e isso fez com que eu ficasse realmente contente, já que em tantos outros momentos as cenas foram reconstruídas devido a inserção dos babacas contaminados na história. Eu realmente gostei desde momento, mesmo com a pitada de ação que envolveu os personagens... valeu a pena, tanto quanto o final, que traz os últimos capítulos de um jeito que o outro filme não mostrou... afinal tudo acaba em casamento, né?
Concluindo, eu vou passar por cima do meu orgulho e também do meu preconceito e dizer que sim, eu gostei da adaptação. Senti falta de algumas coisas, mas seria muito detalhista e prolongaria ainda mais o nosso papo aqui... mas no geral eu gostei. Gostei de ver Lizzy lutando de verdade, sendo guerreira, bem como suas irmãs, já que aquela era uma época em que a mulher não tinha voz nem vez. Elas mostraram que as mulheres não precisavam ser apenas itens de decoração, delicadas e sensíveis... só aí já valeu a pena.
Portanto, eu recomendo sim! Mas quero saber a opinião de vocês... quem ai já assistiu?? O que acharam?? Deixem nos comentários... beijo beijo e até a próxima!