Boa tarde, leitores!! Hoje está um dia perfeito pra ficar de preguiça né?? Feriado é sempre assim... mas também da pra colocar uma parte das leituras em dia. Eu escolhi vim escrever pra vocês, e como tema de hoje, trouxe uma resenha de um dos livros mais delicados que li em 2016... 

"Como seria bom se nossa mente funcionasse como um grande arquivo e pudéssemos simplesmente reviver nossos momentos favoritos a qualquer instante, escolhendo-os num sistema bem-organizado."

     Após passar um ano na casa de sua mãe vivendo o luto e a perda de seu marido para uma fatalidade, Elizabeth decide que já está na hora de voltar à sua antiga casa. Viver com sua mãe nunca foi fácil, principalmente depois do falecimento de seu pai. Elizabeth era muito jovem mas se lembra de conviver com uma mãe que passou a ser a sombra do que havia sido um dia. Decidida a não se tornar mais parecida com ela agora que também perdera seu marido, Liz arruma suas malas e de sua filha Emma, e volta para Meadows Creek. 

     Chegando na cidade, dirigindo um carro absolutamente inviável à condução, Liz perde o controle do carro e atropela um cachorro no meio da rua. Seu dono, desesperado, a xinga de todos os nomes, mas acaba aceitando sua oferta de levá-los ao veterinário. O homem não era nada agradável. Usava cabelos compridos, barba que há semanas não via uma navalha e que escondia os traços de sua boca. A ferocidade das palavras que dizia não representava um homem que teve um passado muito fácil, mas de alguma forma, Elizabeth não temia sua presença. Depois que o veterinário disse que o cachorrinho ficaria bem, o homem entra em um estado de alívio tão profundo, que se emociona e deixa as lágrimas fluírem. Mas não por muito tempo. Logo ele se recompõe e solta mais alguns desaforos para Elizabeth...

"- Elas aparecem sem você perceber e acabam te derrubando - comentou ele baixinho, como uma alma abandonada que se despede de sua família. Sua voz estava muito mais suave. Ainda soava meio ríspida, mas dessa vez havia um pouco de inocência nela. - As pequenas lembranças."

     Depois de tanto tumulto, é hora de voltar para casa, encarar a realidade e buscar seus velhos amigos, afinal Lizzy sabe que não precisa passar por tudo isso sozinha quando se tem amigos de verdade. Faye é uma delas, sua amiga mais louca e a dona de todo humor da trama. Ela traz espontaneidade e sorrisos verdadeiros pra alma de Elizabeth. Por outro lado temos também Tanner, que sempre foi o melhor amigo do marido de Liz, Steven, e que também estava disposto a ajudá-la, além de amar e ser padrinho de Emma. Assim, Liz consegue um emprego e parte em busca de uma nova vida...

      Até que ela descobre que seu vizinho, que tem um jardim em pior estado que o dela, é nada mais nada menos que o homem do cachorro. Todos na vizinhança o temem, todos acham ele um monstro, mas Liz viu a emoção em seu olhar e o medo de perder seu fiel companheiro. Liz sabe que ele esconde um coração cheio de magoa e este sentimento se parece com o dela: a perda de alguém que completava sua vida. Com uma vontade insana de se aproximar e saber mais sobre seu vizinho, Liz insiste em tentar ser amiga mas ele sempre a repele, sem dó nem piedade. Sua grosseria só diminui quando ele é capaz de enxergar nela as mesmas dores que ele carrega em seu peito.

     Semelhanças, sofrimento, saudade... todos esses "s" fazem com que Tristan e Elizabeth se aproximem, como se eles fossem o suficiente para suprir a falta daqueles que não estavam mais ali. Um torna essencial para o outro, como o ar que eles respiram... mas aos poucos, ser um substituto daquele que não está mais presente vira um fardo. Eles não são as mesmas pessoas, não têm os mesmos sentimentos... e as lembranças vão apertando a alma dos dois até que eles não têm mais para onde correr.

"Às Vezes, a pior parte de existir sem a pessoa que amamos é ter que se lembrar de respirar"

     A história não para por ai. Tem muita coisa que se desenrola paralelamente ao envolvimento de Tristan e Liz, mas quero falar sobre tudo aqui nos comentários adicionais. 

     Primeiramente, logo que li "Elizabeth" e "Emma" foi impossível não pensar em Jane Austen. Vocês devem me achar uma viciada e, desculpem, mas eu sou mesmo hahah. E eu estava um tanto quanto certa. Ao longo do livro a autora cita algumas das obras que mais marcaram minha vida, uma delas... Orgulho e Preconceito. Além disso, muitas das obras citadas constroem o personagem de Tristan. Eu não deixei bem explícito na resenha, mas ele era um homem casado, que tinha um filho jovem que era apaixonado por livros. Alice, Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e Onde Vivem os Monstros eram os favoritos de Charlie e, após perdê-lo junto com sua esposa em uma acidente de trânsito horrível, Tristan eterniza em seu corpo passagens literárias em forma de tatuagem e eu achei extremamente lindo isso... me deixou com mais vontade ainda de fazer algumas!!

"Não existia nada mais impressionante do que um homem que não apenas conhecia as histórias mais clássicas da literatura, mas também havia transformado o próprio corpo numa biblioteca particular"

     O que falar de Emma?? Simplesmente uma das melhores construções infantis de todos os tempos. Uma princesa pronta pra guerra mais sangrenta de todas. Apaixonada por zumbis, vampiros e todos os personagens de Hotel Transylvania, mas também cantarola o dia todo "Let it Go" de Frozen, traz a representação de tudo que há de lindo em um ser humano: seu lado sombrio mesclado a delicadeza do amor. Ela encantou a leitura com seu jeitinho, sua esperança, seu amor por Liz e também por Pluto (este era o apelido nada carinhoso que Liz e Emma deram para Tristan) além da inocência infantil de dizer toda a verdade, independente da hora e da situação... muito fofa!

     E agora, fazendo um resumo geral e concluindo a resenha... eu nunca tinha lido um livro em que a dor da perda tivesse retratada tão claramente. Eu passei mais tempo da leitura com os olhos embaçados pelas lágrimas do que em qualquer outro livro deprimente! Mas aí é que tá, "O Ar Que Ele Respira" não é deprimente e sim instigante. Eu aprovei a escrita da autora, que eu ainda não conhecia e já quero ler mais livros dela... Uma leitura rápida, envolvente e muito muiiiito emocionante. Ah, e sobre os fatos paralelos à vida de Tristan e Liz, vocês precisam ler! A autora tem aquele dom que a gente ama de não deixar ponto sem nó, sabe? Espetacular! Recomendo...

     Espero que tenham gostado, não apenas na resenha mas, e principalmente, da leitura!! Beijos e até a próxima, pessoal!


O Ar Que Ele Respira (The Air He Breathes)
Brittainy C. Cherry - 2015
Editora Record - 2016
308 páginas
ISBN: 978-85-01-07566-6
Por Izabela Elias


Um Comentário

  1. Olá IsaBela (permita-me) é mais do que justo.
    Meus cumprimentos e respeito.
    Saudações élficas.
    Deparei-me com seu excelente e criativo espaço (Blog) pesquisando sobre Animais Fantásticos.
    Alem da surpresa (por sua apaixonada escrita), foi um prazer (lê-la). E; ja que falas de encantos e magias, deixo-lhe um pensamento muito pessoal.
    "Quando deixamos de sonhar, de tocar a tênue e delicada linha entre a fantasia e a realidade; o mundo perde seu encanto, e a vida, seu sutil mistério. Então tudo não passa de obrigações e interesses. Ai então, a natureza de tudo mostra sua face mais cruel. É quando, mesmo acordados, nos vem os pezadê-los.
    Meu nome é Asrifa (na língua elfica), mas, me chamam de Gepetto. Sou um humilde mas apaixonado artesão (em madeira).
    Gostei muito do seu blog, e de como escreves. Meus parabéns.
    PS. Agora que deixou-me super curioso, vou procurar o filme de sua excelente resenha.
    Meus respeitos.

    Asrifa.

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