Olá leitores... como vão vocês?? Por duas semanas acompanhamos as emoções dos jogos olímpicos - que se encerram hoje - e agora vamos todos retomar nossa rotina de trabalho, estudos e é claro, muita leitura. Hoje em especial eu trouxe uma resenha que é fruto de uma leitura que foge um pouco do meu costume romântico, mas que mexeu com minha sanidade do começo ao fim...


"Você é uma péssima mãe, pensa Malorie (...) Você está salvando a vida deles para que tenham uma vida que não vale a pena."

     Passado, presente e a incerteza de um futuro. Acho que essa frase define bem a ordem, a influência e a importância dos acontecimentos da história desenvolvida em "Caixa de Pássaros". Não temos um início e sim uma sucessão e eventos passados que se intercalam e explicam o presente, porém em cada momento, em cada página temos a presença de Malorie. 

     Há quatro anos houve a primeira ocorrência, na Rússia. Enlouquecimento seguido de morte era a característica principal dos acontecimentos e estes se tornaram cada vez mais comuns, trazendo medo e terror a cada país afetado. "Fechem as janelas, fechem os olhos, não olhem para fora". Estas eram as recomendações àqueles que acreditavam que existia algo atingindo a todos os habitantes da terra. Porém, com o tempo não existiam mais aqueles que não acreditavam. O mundo estava sendo devastado e a humanidade exterminada. E em meio a todos estes acontecimentos, Malorie luta em busca de sobrevivência.


"Quão longe uma pessoa consegue ouvir?"

     Quando tudo começou, Malorie teve sua atenção dividida. Sua mente sabia que o que andava acontecendo era grave, porém a vida que estava crescendo em seu ventre roubava toda seus pensamentos e preocupações. Com o aumento das ocorrências, ela foi forçada a pensar em uma maneira de se salvar e, principalmente, salvar seu bebe. Sua luz no fim do túnel surgiu de um anúncio no jornal, que oferecia moradia a apoio em uma casa próxima ao rio. Sem ter para onde mais fugir, Malorie dirige até o local indicado no anúncio praticamente às cegas e pede ajuda. 

     Aquela casa seria o mais próximo de uma comunidade que Malorie veria em anos. Liderados por Tom, os integrantes da casa se apresentaram, um a um: Don, Cherly, Felix e Jules, e mesmo sendo bem diferentes entre si, o medo e a luta pela sobrevivência os manteriam unidos. Mas não por muito tempo...


"Num mundo onde não podemos abrir os olhos, uma venda não é tudo que temos para nos defender?"

     Hoje, quatro anos depois, Malorie não é mais a mesma. Sua vida foi virada de pernas para o ar e mesmo depois de tanto tempo, seu maior objetivo é proteger seus filhos. Sua mente está repleta de questionamentos sobre ser ou não ser uma boa mãe, e se estaria mesmo fazendo o mais correto para eles. Fazer as crianças viverem naquela casa seria o mais seguro? Ou buscar uma nova oportunidade, arriscar fugir pensando no futuro delas valeria mais a pena?

     Independente da decisão de Malorie quanto ao modo em que viveriam o resto de suas vidas, sua maior missão foi treinar as crianças para ouvir. Além das paredes, além das cortinas e janelas seladas. Ouvir além do audível para uma pessoa convencional. Ela tinha plena certeza que aqueles acontecimentos não eram apenas uma tempestade passageira e a audição seria uma arma infalível na luta por um futuro melhor.

Comentários

     Well, well, well... por onde começar a falar sobre tudo o que esse livro fez com meu psicológico? Acho que seria interessante explicar o motivo da escolha do livro, em primeiro lugar, né? Então vamos lá...

     Uma amiga minha adora esse tipo de leitura, em que o autor brinca e maltrata o psicológico do leitor, e no começo do ano nós já tínhamos nos aventurado na leitura em conjunto de "A Garota no Trem" e é claro que ela foi muito mais precisa na resolução dos fatos... mas o que importa é que eu gostei muito da leitura e prometi que não seria tão resistente quanto ao gênero das próximas vezes... O tempo passou e ela também resolveu encarar um dos meus romances preferidos de Jane Austen, "Orgulho e Preconceito", de tanto eu falar na cabeça dela... e o resultado foi que eu resolvi aceitar uma de suas macabras sugestões e enfrentar o famoso thriller psicológico 'Caixa de Pássaros'.


"Que tipo de homem se esconde atrás de cobertores e vendas? A resposta é A MAIORIA dos homens"


     Não sei dizer se gostei ou não gostei. Infelizmente essa resposta não existe na minha mente! Eu achei o livro muito bem construído, os personagens perfeitamente delineados, com suas fraquezas e pontos fortes, suas angustias e seus sonhos... a descrição dos acontecimentos também foi perfeita! Eu já disse aqui algumas vezes que eu tenho dificuldade de alongar minha mente até o ponto onde o autor propõe em suas páginas, mas foi um alívio enxergar com tanta precisão cada cena proposta na história de Malerman. Se a intenção era fazer com que nos sentíssemos vendados o tempo todo, o autor definitivamente teve seu objetivo alcançado por que foi exatamente assim que eu me senti.

     O debate principal na minha cabeça foi: "O que está realmente acontecendo aqui?!?! Alguém pelo amor de Deus me responda!!"... e como um belo thriller, o autor trilha caminhos que nos fazem pensar exatamente o que ele quer. Eu tive muitas hipóteses, dividi muitas delas com a minha amiga mas obviamente que foram pensamentos desesperados de uma leitora perdida e aterrorizada. Cheguei a comparar a história com o filme "The Happening - Fim dos Tempos", lançado em 2008, mas ainda não tirei conclusões se pode ser isso mesmo... Sim, eis aqui uma leitora confusa!

     Se eu senti medo? Obvio! Eu sou a personificação da medrosidade! Este foi um dos motivos que me levaram a ler bem lentamente, já que quando eu tentei ler antes de dormir eu simplesmente tive pesadelos horríveis e perdi o sono. Enfim, já viram que isso não é pra mim, né??


"... o mundo atrás da venda é de um tom cinza doente."

     Em conclusão, eu gostaria de agradecer a indicação da minha amiga Suh e dizer que a experiência de leitura foi muito boa... mas, como eu mesma já falei pra ela, o desfecho, que poderia mudar 200% minha opinião, ou melhor, formular uma melhor opinião em minha mente, deixou um pouco a desejar. Sei que muitos leitores relataram ter amado o livro mas eu não consegui ter todas as minhas perguntas respondidas e isso me deixa enlouquecida em um final de livro.

     Vejam bem, eu não estou querendo dizer que o livro foi mal escrito ou mal finalizado (como eu acho que foram alguns livros do John Green), eu só creio que não estou acostumada com o tipo de leitura o suficiente para interpretar de modo correto. Mas se a proposta do autor foi deixar o leitor expandir seus horizontes e suas opiniões, ele foi simplesmente brilhante!

     Espero que tenham gostado da resenha e que entendam meu lado medroso e desastrado de enxergar a história... e quem quiser conversar, me mostrar algum ponto de vista ou opinião, está mais do que bem vindo!! Deixem nos comentários... ou mandem direct no instagram (@cademeulivro)... me ajudem!!! hahaha... obrigada pessoal!! Beijo beijo e até a próxima...



Caixa de Pássaros
Josh Malerman
Editora Intrínseca - 2015
272 páginas
por Izabela Elias